Os EUA estão contribuindo para fragilizar o SWIFT e o dólar?

Elijah J. Magnier

Trad. Alan Dantas

A hegemonia unilateral dos EUA está sem dúvida sendo desafiada, no momento em que a Rússia se posiciona contra a expansão da OTAN liderada pelos EUA, impedindo que um novo membro em potencial, a Ucrânia, se junte ao aparelho militar ocidental. Essa situação desencadeou reações ocidentais por parte dos EUA e seus aliados europeus, que impuseram duras sanções à Rússia (desde 2014), incluindo o “armamento” do SWIFT, a transferência de comunicação do sistema bancário mundial, negando seu uso aos bancos russos. O sistema Swift tem a função de informar os usuários quando os pagamentos são enviados ou recebidos e ajuda a tornar possível o intercâmbio comercial internacional seguro para o sistema bancário mundial e seus agentes. No entanto, não deve ser “utilizado como arma”, usado em disputas entre nações. É esperado que permaneça disponível, uma vez que as populações das várias fronteiras o utilizam.

No entanto, as sanções dos EUA (que incluem a operação do SWIFT) contra Cuba, Venezuela, Irã e Rússia estão dando um sério sinal ao resto do mundo de que precisam encontrar métodos alternativos da comunicação de transferência. Estes métodos contribuirão efetivamente para fragilizar o domínio dos EUA. A China e a Rússia estão liderando o movimento para que o dólar fique mais frágil e para que o SWIFT eventualmente se torne dispensável.

A Sociedade Mundial de Telecomunicações Financeiras Interbancárias (SWIFT) permite – 24 horas por dia, sete dias por semana – a transferência de dinheiro através das fronteiras e é a chave para as ferramentas de poder econômico global americano e ocidental. Criado em 1973 e sediada na Bélgica, o SWIFT liga 11 mil bancos e instituições em mais de 200 países. Ele envia mais de 40 milhões de informações por dia (cerca de 10 bilhões de por ano) enquanto trilhões de dólares mudam de mãos entre indivíduos, empresas e governos. Os bancos dos EUA e da UE criaram o Swift para manter o controle do fluxo de dinheiro, impedir que as instituições desenvolvam seus próprios sistemas e impedir que estes desenvolvam uma posição de monopólio. 

Nem os EUA nem a UE controlam diretamente o SWIFT, mesmo que exerçam influência significativa sobre seu órgão de governança, teoricamente, sujeito à lei belga. Ele é de propriedade conjunta de mais de 2.000 bancos e instituições financeiras e supervisionada pelo Banco Nacional da Bélgica, em parceria com os principais bancos centrais mundiais, o Federal Reserve dos EUA e o Banco da Inglaterra. Em primeiro lugar, deu controle à administração dos EUA, através do sistema SWIFT, para retirar qualquer pessoa ou governo deste sistema bancário e, ao fazê-lo, para aleijar as economias das nações. No caso de sanções, impede que os bancos excluídos executem as transações de seus clientes com países estrangeiros, indivíduos ou empresas, cumprindo obrigações, recebendo pagamentos para exportações, ou fornecendo crédito de curto prazo para importações. 

Em 2015, a China – após as sanções de EUA e UE ao Irã, Coréia do Norte, Sudão e Rússia (para citar apenas algumas) em 2014 e a ameaça de negar o acesso ao SWIFT por instituições financeiras russas – sentindo que a ameaça dos EUA estava chegando, criou um sistema de mensagens internacional paralelo chamado CIPS. O objetivo do CIPS é facilitar o uso do renminbi (CNY) como moeda comercial internacional e proporcionar um nível cauteloso de proteção contra sanções (americanas), diminuindo assim o domínio global do dólar e buscando uma desdolarização geral. A China está promovendo o sistema CIPS em toda a Ásia, África e Europa. De fato, mais de 1.280 instituições financeiras em 103 países e regiões já se conectaram ao sistema CIPS. A moeda chinesa, o Yuan, está entre as principais moedas e ocupa o quarto lugar mundial após a libra britânica, o euro e o dólar. É o parceiro lógico russo e iraniano no momento, dois países específicos que estavam, e continuarão a estar, na lista de alvos dos EUA.

Quando os EUA desfizeram o acordo nuclear iraniano em 2018, até mesmo a UE começou a desenvolver seu próprio sistema de mensagens financeiras, ou seja, o Instrumento de Apoio às Bolsas de Comércio (INSTEX), para que as empresas européias não ficassem presas às sanções impostas ilegalmente pelos EUA. Embora o INSTEX não possa proteger as instituições da UE das sanções dos EUA se elas lidarem com o Irã e a Rússia, é um sistema que estará pronto para uma era melhor se e quando a UE conseguir se livrar da atual neocolonização dos EUA.

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