
Trad. Alan Dantas
Washington está enviando mensagens ambíguas para Pequim. Por um lado, considera a China um inimigo que deve estar preparado para lutar contra. Por outro, pede disponibilidade para fortalecer as relações anteriormente díspares com a China, de acordo com o que os dois presidentes Xi Jinping e seu homólogo americano Joe Biden anunciaram após sua reunião na Indonésia, à margem da cúpula do G-20, em Bali. Os EUA estão caminhando para outra guerra com o gigante industrial, arrastando o dragão chinês para as garras da águia americana, ou esta é simplesmente uma guerra de propaganda para impedir a aproximação sino-russa e a cooperação sobre a Ucrânia?
É muito mais do que uma guerra de propaganda e ainda menos do que uma preparação para um confronto militar com a China. Em um plano estratégico de defesa apresentado ao Congresso, o Pentágono afirmou: “A China e a Rússia propõem desafios mais perigosos à segurança e à proteção, inclusive como ameaças terroristas”. O Presidente Biden disseque estava mais preocupado com a China do que com o declínio da Rússia. O Secretário de Defesa Lloyd Austin disse: “A China é o único concorrente lá fora com a intenção de remodelar a ordem internacional (ocidental) e, cada vez mais, com o poder para fazê-lo”. A estratégia de defesa dos americanos alinha os EUA em uma guerra fria contra a China e a Rússia.
A retórica dos EUA é que a China está enfraquecendo ativamente os aliados americanos na Ásia e “deve ser dissuadida antes que altere a ordem asiática liderada pelos EUA” (hegemonia dos EUA). Estas são indicações poderosas de uma administração americana que teme que seu domínio global seja desafiado na Ucrânia e em outras partes do mundo, principalmente entre seus aliados do Oriente Médio. A China é de fato um gigante econômico e militar com meios colossais. Portanto, não é um simples passeio para os EUA e seus aliados da OTAN confrontar a China como fazem com Moscou. A OTAN, a Organização do Tratado do Atlântico Norte, revelou seus objetivos para além do que seu nome indica, mas é guiada pelos objetivos dos EUA, mesmo que estes não representem a maioria dos 30 membros da OTAN. A Organização já está discutindo “medidas e ações econômicas contra a China”.
É por isso que aumentar a pressão contra Pequim tem um objetivo preciso de pressionar os líderes chineses a avaliar os riscos potenciais que poderiam correr ao confrontar o Ocidente, mesmo que a China nunca tenha dado indicações de um objetivo semelhante em sua política externa ou asiática. É um dèja vu, nos EUA, a política de guerra preventivatomar uma iniciativa agressiva para intimidar seus adversários. Entretanto, a China dificilmente se encaixa na lista de países facilmente vulneráveis quando tem a capacidade econômica e militar para enfrentar os EUA em muitos níveis, se necessário. Suponha que, a qualquer momento, os EUA tomem medidas severas contra a China. Nesse caso, Pequim unirá seus esforços com a Rússia, que ficaria encantada, e com outros países asiáticos e africanos que já se beneficiam de seus excelentes laços com a China.
O relacionamento China-EUA atingiu um marco mínimo histórico sob a administração do Presidente Donald Trump, pontuado por uma guerra comercial e sanções contra empresas tecnológicas chinesas. O Presidente Biden não apenas manteve as sanções de seu antecessor, mas mais de 110 entidades chinesas foram adicionadas à lista de sanções de Biden, elevando o número para 600. Pequim começou selecionando 95 produtos americanos para serem isentos de tarifas. No entanto, a China impôs tarifas sobre mais de 100 bilhões de dólares de produtos americanos em resposta ao gabinete do Representante Comercial dos EUA, que impôs tarifas sobre 360 bilhões de dólares de produtos chineses.
Subscribe to get access
Read more of this content when you subscribe today.
You must be logged in to post a comment.