

Por Elijah J. Magnier: @ejmalrai
Traduzido por: Alan Regis Dantas
A promulgação da “Lei de César” – as novas sanções dos EUA destinadas a “perseguir indivíduos, grupos, empresas e países que lidam com o governo de Damasco” – é aparentemente dirigida contra a Síria, mas, na realidade, visa subjugar o Líbano e sua população para atender às condições de Israel. O membro do “Eixo da Resistência” do Líbano, o Hezbollah, tem um conflito aberto com Israel. O país tem uma lista de exigências imponentes: fechar o fluxo de armas através das fronteiras libanesas com a Síria, desarmar o Hezbollah, impor seus próprios termos nas fronteiras terrestres e marítimas e pressionar o Líbano a se juntar a outros países do Oriente Médio para assinar um acordo de paz – com Israel. Mas o Hezbollah naturalmente tem outros planos – impor uma nova Regra de Combate e tomar a iniciativa de ataque em vez de optar pela resposta de defesa. Isso é semelhante à política de dissuasão de Gaza do Hamas, outro membro do “Eixo da Resistência”, que tem atingido alvos em Israel se (e quando) sanções econômicas forem impostas.
Como Israel teme, a próxima guerra no Oriente Médio certamente terá múltiplas frentes unidas, envolvendo os membros do “Eixo da Resistência”, todos juntos simultaneamente. Não é surpreendente que os membros do “Eixo da Resistência” (incluindo Síria, Líbano, Gaza e Iraque) se sincronizem e ensaiem, trabalhando na coordenação intensiva de cenários de guerra por mais de um ano. Não se pode descartar que Israel, percebendo a reação do “Eixo da Resistência” às sanções iminentes, peça aos EUA que concordem em se retirar, para evitar uma guerra total. O “Eixo da Resistência” preparou vários cenários, todos em vias de implementação – e sem exceção – todos são muito dolorosos para Israel.
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O “Eixo da Resistência” entende a motivação por trás da “Caesar Act” dos EUA e terá que responder primeiro a Israel, pois é ele que influencia as decisões dos EUA no Levante. Não faltam opções e algumas das respostas óbvias seriam a de mimetizar o Hamas e atingir Israel, como a seguir:
O primeiro cenário: O Líbano reivindica a devolução das fazendas Shebaa e das sete aldeias libanesas (Terbikha, Saliha, Malkiyah, Nabi Yusha, Kades, Hunin e Ibli Qamh) ocupadas por Israel. Portanto, qualquer ataque do Hezbollah contra as forças israelenses nessas aldeias, atravessando a cerca israelense ou bombardeando objetivos nessas aldeias libanesas, seria considerado um ato legítimo reconhecido pelo governo libanês.
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A bola está no campo americano e há poucas dúvidas de que esta administração americana fará com que muitos políticos libaneses, cristãos e muçulmanos, estejam em sua lista de terroristas antes de outubro de 2020, para embaraçar qualquer futura administração e impedir que ela levante facilmente as sanções. É claro que, como os EUA não estão agindo de acordo com sua própria agenda e interesses nacionais, seu entendimento do que deve ou não ser feito é defeituoso, ou na melhor das hipóteses limitado.
A certa altura, quando a reação do Hezbollah se tornar óbvia, Israel poderá considerar “inspirar” Washington a cessar sua pressão sobre o Líbano, como fez com Gaza, a fim de evitar sofrer as conseqüências.
Israel também pode pensar que a guerra é uma opção porque suas ações podem não ter sido bem pensadas! Israel matou líderes do Hezbollah, cientistas iranianos, comandantes do Hamas, comandantes iraquianos: e em conseqüência, o “Eixo da Resistência” ficou mais forte. Aprender com a História nunca foi um ponto forte, nem para Israel nem para os EUA.
Washington pode não querer pressionar o Hezbollah a reagir e terá de contar com seus aliados no Líbano. Portanto, através do Fundo Monetário Internacional, poderá fornecer ao Líbano um par de bilhões de dólares por ano para que a opção de guerra contra Israel e o fornecimento comercial e energético do Irã possam ser desconsiderados pelo governo libanês.
Todas as possibilidades estão na mesa. O reconhecimento e apoio do Golfo a Israel não faz diferença e não muda nada nas probabilidades de guerra, pois em cada guerra israelense contra o Hezbollah, os países do Golfo foram os primeiros a apoiar Israel e o seu apoio não fez pender o resultado a favor de Israel. Há poucas dúvidas de que os meses que se avizinham até o final de 2020 serão críticos para o Oriente Médio.
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