100 dias de guerra na Ucrânia… Lições militares aprendidas (2)

Trad. Alan Dantas

A Rússia cometeu vários erros nas duas primeiras semanas da guerra, o que convenceu os EUA e a Europa de que poderiam destruir o exército russo e a economia do país e retirar o presidente Vladimir Putin do poder. Entretanto, o fracasso inicial russo se voltou a favor de Moscou algumas semanas depois, já que os objetivos se tornaram modestos e os planos militares mudaram. O estilo de luta e o avanço para as cidades mudou de depender de tanques para se concentrar na artilharia, mísseis de precisão e infantaria. 

A Rússia também se beneficiou financeiramente, apesar de estar sujeita a milhares de sanções nunca antes impostas a nenhum país. O apoio à guerra está esgotando os recursos financeiros do Ocidente – e continua a fazê-lo – destacando como o mundo está dividido. Na verdade, está dividido entre um campo ocidental e outro campo composto pela América Latina, África, Oriente Médio e Ásia – este último, que representa dois terços do mundo – não está de acordo com a política de Washington e não é hostil à Rússia.

Nos primeiros dias da guerra, as embaixadas ocidentais fecharam na capital, Kiev, e o exército russo alcançou, em tempo recorde, as cidades de Chornobyl e Hostomel, a poucos quilômetros da capital. Um comboio de 67 km de extensão parou a apenas dezenas de quilômetros de Kiev, que o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky deixou apressadamente, apesar das imagens falsas que ele estava transmitindo para dizer que ainda estava dentro da capital.

No entanto, a Rússia levou seus tanques para o meio da batalha sem cobertura aérea adequada e não forneceu cobertura de forças especiais para que a infantaria limpasse e protegesse as estradas pelas quais os veículos blindados tinham que passar. Os tanques foram expostos a golpes severos causando a perda de muitos veículos blindados. Entretanto, esta vitória temporária produziu uma reação eufórica dos ucranianos, dos EUA e da OTAN, que acreditavam que eliminar a Rússia era mais fácil do que o esperado. Portanto, o Ocidente não tentou mais negociar para parar a guerra – ao contrário de hoje – e a Ucrânia rejeitou o convite inicial de negociação russo.

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