
Elijah J Magnier
Trad. Alan Dantas
Não há uma guerra civil no Iraque, muito menos uma batalha intra-xiita no momento, apesar do desfile de armas, da ocupação do Parlamento e da “Zona Verde” protegida na capital Bagdá por manifestantes Sadristas. No entanto, isto não significa que um confronto na rua entre os manifestantes seja descartado, em determinado momento, já que o “movimento Sadrista” pede aos manifestantes que permaneçam nas ruas e ocupem o parlamento. Contudo, a “estrutura de coordenação” xiita (os outros grupos xiitas que se opõem aos Sadristas) não permanecerá ociosa, dependendo do desenvolvimento da situação e do que o grupo Sadrista deseja. Sayyed Muqtada al-Sadr diz que quer governar o país senão ninguém mais pode. Ele está caminhando à beira do abismo, provavelmente visando involuntariamente a novas eleições parlamentares. Isto é correspondido pela insistência do ex-Primeiro Ministro e vice-presidente Nuri al-Maliki em prosseguir com a eleição de um novo governo, aproveitando-se do erro de al-Sadr de se retirar do Parlamento. Para onde vão as questões no Iraque, e o que os dois lados querem? Os xiitas serão os responsáveis pelo caos no país?
O movimento Sadrista venceu as eleições parlamentares com o maior número de representantes obtidos por um único partido (73 assentos parlamentares). A Corte Federal o confrontou com uma interpretação constitucional: qualquer partido político tem o direito de fazer crescer seus aliados – mesmo após a eleição do Presidente da República – e reivindicar tornar-se aquele que elege o Primeiro Ministro, desde que consiga reunir o número mais significativo de deputados sob uma única coalizão.
Apesar da interpretação da Constituição pela Corte Federal, Sayyed Muqtada al-Sadr reuniu uma aliança de curdos e sunitas e tornou-se a maior coalizão com o direito de escolher os líderes do país. No entanto, a Corte Federal chegou a uma nova interpretação que dá a qualquer grupo parlamentar que possua o terço de bloqueio o direito de impedir a sessão de eleição do Primeiro Ministro e do Presidente da República por não haver quorum.
Sayyid Muqtada se viu incapaz de prosseguir sozinho com seus aliados sunitas e curdos para formar o governo, e não foi mais possível contornar os outros partidos xiitas. Assim, ele anunciou a pior decisão que já tomou de pedir a demissão de todos os seus deputados e deu todos os seus assentos a outros partidos xiitas. O anteriormente assustado “quadro de coordenação” ficou entusiasmado e agarrou a oportunidade de reunir a maioria dos 73 assentos e se tornar aquele que elege o presidente e o primeiro-ministro.
Parece que Sayyed Muqtada estava de olho. Ou ele calculou mal e se arrependeu de ter se retirado do Parlamento, e aqui está se valendo das ruas para impedir que a “estrutura de coordenação” escolha os novos líderes. Ou estava se planejando para isso e queria, antecipadamente, repetir as eleições parlamentares acreditando que as manifestações irão desta forma atingir seu objetivo. Entretanto, Al-Sadr está equivocado em sua decisão de realizar novas eleições parlamentares porque pode ganhar 10-20 assentos extras, mas nunca se tornará o único tomador de decisões que não tenha necessidade de nenhum outro partido político para escolher os líderes do Iraque.
Al-Sadr não procura combater a corrupção da qual também é acusado de fazer parte porque participou de todos os governos anteriores. Além disso, Sayyed Moqtada se aliou nas últimas eleições com Masoud Barzani, que é acusado de corrupção e de vender petróleo iraquiano sem prestar contas à Turquia e a Israel. Portanto, o objetivo de Sayyed Moqtada é governar o Iraque como o único líder xiita e pode não hesitar em usar a violência para liderar, o que fez em 2004 na cidade sagrada de Najaf.
Por outro lado, o ex-Primeiro Ministro Nuri al-Malikialso quer poder para si. Ninguém dentro da “estrutura de coordenação” quer que Al-Maliki volte como primeiro-ministro novamente porque os últimos anos de seu governo provaram seu desejo de monopólio do poder. Além disso, o Marjaiya em Najaf recusou seu retorno ao poder sob o slogan “O Iraque não deve trazer de volta ao poder aqueles que já estão maculados”. O Grande Ayatollah Sayyed Ali Sistani escreveu uma carta a todos os partidos políticos xiitas (em 2015) pedindo para confirmar a rejeição da volta de al-Maliki ao poder como Primeiro Ministro.
Mas al-Maliki considera que desde que atingiu a idade de 72 anos, é sua última chance de voltar ao poder. Ele não quer que as eleições sejam repetidas porque ganhou 32
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