A guerra entre os EUA e a Rússia não se limita ao domínio militar, mas também à desdolarização

Trad. Alan Dantas

Não há dúvida de que a guerra em curso na Ucrânia se tornou explicitamente uma batalha aberta entre a Rússia e os EUA, em que Washington explora suas capacidades financeiras, políticas e militares – e as de seus aliados. Estes esforços militares e econômicos onerosos e substanciais visam confrontar, enfraquecer e eventualmente derrotar Moscou. Mas o confronto não é exclusivamente sobre o desafio russo ao domínio dos EUA, que proíbe as nações europeias que fazem fronteira com a Rússia de estabelecer novos laços comerciais e de negócios (mesmo aqueles anteriormente bem estabelecidos com Moscou). Claramente, os EUA pretendem impedir que a Rússia (e a China) fragilizem a economia dos EUA enfraquecendo o domínio do dólar nos mercados internacionais. De fato, os EUA estão lutando contra a tentativa de países financeiramente poderosos e engenhosos de buscar alternativas e alianças sólidas com outras nações para eliminar a hegemonia monetária americana. Isto enfraqueceria o efeito de quaisquer sanções “unilaterais” adotadas pelo governo de Washington contra países que se recusam a se submeter a seu domínio. 

A Rússia, juntamente com países como China, Índia, Paquistão e Irã, atingirá este objetivo de desestabilizar o poder brando dos EUA e sobreviver, encontrando uma alternativa ao dólar americano?

A resposta rápida à pergunta acima é que ainda não existe uma alternativa robusta para competir com o dólar, apesar da existência do euro, do yuan chinês e do rublo russo, que ocupa uma ligeira vantagem sobre a posição que o dólar americano tem desfrutado desde a Primeira Guerra Mundial. Substituiu a libra esterlina, que declinou depois que a Inglaterra gastou a maior parte de suas reservas de ouro no esforço de guerra anti-Nazista. Em 1971, os EUA desistiram de suas reservas de ouro para considerar sua divisa como a “moeda do mundo” para trocas comerciais e financeiras. 

Desde então, as dívidas dos EUA cresceram de forma desproporcional. No entanto, essas obrigações financeiras dos EUA nunca serão pagas porque a dívida consiste de sua moeda real, que pode ser impressa a qualquer momento e em abundância. Esta situação não se aplica a outros países, que devem pagar sua dívida em dólares e se submeter à política dos EUA ou enfrentar sanções e a retirada do dólar de circulação, o que significa que a moeda local é fortemente desvalorizada. Isto é precisamente o que tem acontecido com muitos países: Venezuela, Irã e Líbano, para citar apenas alguns.

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