
Elijah J. Magnier
Trad. Alan Dantas
Pela primeira vez desde o início da guerra síria em 2011 e a presença das forças dos EUA e seus aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) no nordeste da Síria, EUA e Irã trocaram bombardeios e ataques em território sírio por dois dias consecutivos. Tanto o Irã quanto os EUA emitiram avisos mútuos claros e explícitos. Qual a razão para a nova atitude agressiva repentina, escalada e aumento dos ataques com drones iranianos às forças norte-americanas nos campos de petróleo e gás de Al-Omar e Conico e na base militar de Khirbit al-Jeer perto de Al-Ya’roubia? Qual seria a conexão entre a guerra na Ucrânia e o que está acontecendo na Síria?
O primeiro ataque, com 60 mísseis e drones suicidas, atingiu as forças de ocupação dos EUA, matando um empreiteiro americano e ferindo cinco soldados do país e outro empreiteiro. Os EUA retaliaram, atingindo vários locais próximos ao aeroporto de Deir-ezzour e Albu Kamal, matando sete militantes dos grupos de resistência sírios e ferindo outros sete. No dia seguinte, a resistência local, apoiada pelo Irã, lançou quatro drones suicidas e dezenas de mísseis sobre as posições dos EUA, determinada a manter a dissuasão. Os EUA retaliaram novamente, atingindo mais duas posições na Síria em Harabet e al-Mayadeen no nordeste da Síria, fora da área de ocupação dos EUA e perto das fronteiras iraquianas. Os EUA afirmam estar no país sob a lei de terrorismo de 2001-2002, mas seguem bombardeando grupos auxiliares sírios presentes no país para defendê-lo, a pedido das autoridades locais.
O ataque mostra que a resistência síria, de acordo com o governo sírio, está preparada eletronicamente e bem equipada com drones, mísseis de precisão e foguetes. A reivindicação aberta de responsabilidade do grupo de resistência mostra como ele está pronto para um confronto mais amplo com as forças norte-americanas.
As forças de assessoramento iranianas e vários milhares de seus diversos aliados estão presentes na Síria, a pedido do governo de Damasco. A presença dessas forças se deve à ocupação do noroeste e nordeste da Síria pelas forças de ocupação turcas e norte-americanas, além da presença de milhares de jihadistas e milícias apoiadas pela Turquia nas províncias e áreas rurais de Idlib e Afrin. O território sírio ocupado responde por cerca de 30% da área total fora do controle das forças do Exército Árabe da Síria. Além disso, os EUA mantêm outra base militar na fronteira de Al-Tanf com o Iraque, onde as forças americanas proíbem a aproximação de qualquer tropa dentro de um perímetro de 50 km2 no deserto sírio. É aqui que o ISIS opera principalmente, e o controle americano impede o exército sírio e seus aliados de alcançar os remanescentes do grupo terrorista na área ocupada pelos EUA.
Os auxiliares do exército sírio e os grupos de resistência locais operam na linha de frente juntamente com as forças de ocupação americanas e turcas. Os grupos de resistência têm controlado a travessia Al-Bu Kamal no nordeste da Síria para assegurar a ligação entre a Síria e o Iraque, onde o apoio logístico para a Síria e seus aliados iranianos continua a fluir para o país. A falta de controle dos EUA sobre esta travessia desagradou Israel, que usa as bases aéreas dos EUA na Síria em suas manobras de combate para atacar alvos dentro da Síria. Caminhões carregando suprimentos e diversos materiais necessários à Síria e seus aliados – particularmente após o recente terremoto devastador – passam diariamente por Albu Kamal. O governo de Damasco está sob severas sanções dos EUA e da Europa desde 2020 sob a “Lei César”, e o povo sírio precisa de toda a ajuda possível, fornecida principalmente pelo Irã e pelo Iraque devido à grave crise econômica que o país está sofrendo.
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