Mudança tática de Israel em Gaza: Uma invasão terrestre em curso

Elijah J. Magnier

Trad. Alan Dantas

No cenário em constante evolução do conflito em Gaza, a estratégia militar de Israel está passando por uma mudança significativa. Atualmente, o exército israelense está concentrando seus esforços nas regiões mais vulneráveis da Cidade de Gaza, especialmente nos setores nordeste e noroeste. Essas áreas, que são mais estreitas do que a Faixa de Gaza mais larga, estão testemunhando uma investida concentrada dos invasores.

Os militares israelenses estão avançando em três frentes principais: o eixo costeiro, Beit Hanoun-Beit Lahya e Jabalya. O objetivo geral parece ser dividir Gaza em duas, separando efetivamente as áreas do norte do sul. Esse movimento ocorre depois que o Exército israelense se afastou de suas táticas iniciais de tiro e manobra e ampliou o avanço para uma invasão através de vários eixos.

Agora, o Exército israelense está adotando uma abordagem mais integrada de vários meios e unidades. As escavadeiras abrem o caminho, limpando rotas e removendo obstáculos. As unidades de artilharia fornecem poder de fogo pesado, abrandando os bolsões de resistência e criando um guarda-chuva protetor para as tropas que avançam. Os tanques, com sua combinação de mobilidade e poder de fogo, lideram o avanço nessas áreas. Durante todo o tempo, a Força Aérea Israelense fornece apoio aéreo, oferecendo capacidades de reconhecimento e ataque. Ao mesmo tempo, as forças especiais terrestres identificam e designam alvos para ataques aéreos, contando com o poder aéreo para limpar a rota. 

Foi exatamente isso que aconteceu no campo de Jabalya, densamente povoado, onde a força aérea israelense lançou seis bombas termobáricas, destruindo um bairro inteiro e matando e ferindo mais de 200 pessoas.

Mas a questão urgente permanece: Israel pode manter uma presença permanente nessas áreas? O desafio não é apenas capturar essas áreas, mas consolidar seu domínio e garantir que elas permaneçam isoladas da Faixa de Gaza mais ampla. Considerando a resiliência e a adaptabilidade das facções palestinas, a tarefa do exército israelense é assustadora. Só o tempo dirá se a estratégia atual de Israel produzirá os resultados desejados ou se será necessária mais uma mudança tática nesse conflito prolongado.

A trilha da destruição de Israel em Gaza: Um relato do campo

Em seu avanço implacável na Faixa de Gaza, Israel está deixando um rastro de destruição. Prédios que antes eram altos agora estão em ruínas. O resultado do intenso bombardeio de Israel há 25 dias deixou uma destruição tão grande que está dificultando o avanço de sua brigada blindada. As escavadeiras estão agora na linha de frente, abrindo caminhos entre os escombros para facilitar a movimentação de veículos militares.

A postura de Netanyahu e os padrões duplos do Ocidente: Um olhar mais atento

A recente coletiva de imprensa do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, realizada em inglês para um público global, foi uma tentativa aparente de moldar a narrativa internacional em torno do conflito em curso em Gaza. A afirmação de Netanyahu de que “não haverá cessar-fogo” e sua caracterização das mortes de civis palestinos como meros “danos colaterais” atraiu críticas contundentes de vários setores. A declaração do porta-voz da Casa Branca dos EUA, Almirante Kirby, de que “a guerra é cruel e não tem piedade” apoia, incentiva e enfatiza a abordagem linha-dura do governo israelense em relação ao conflito.

A narrativa ocidental, especialmente dos EUA, tem apoiado principalmente o direito de Israel à autodefesa. As mortes de israelenses são frequentemente retratadas como “pessoas inocentes mortas por terroristas”. Esse enquadramento contrasta fortemente com o retrato das mortes de civis palestinos, que, segundo Netanyahu, são descartadas como consequências não intencionais da guerra.

Mas essa narrativa não é universalmente aceita. A Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou resoluções “condenando o uso de força excessiva, desproporcional e indiscriminada contra civis palestinos”. Essa posição está em contradição direta com o apoio inabalável dos EUA ao seu aliado, Israel.

Além disso, a posição oficial da Alemanha acrescenta outra camada ao discurso. O governo alemão declarou que “Israel, como potência ocupante, deve proteger os civis palestinos na Cisjordânia e garantir sua segurança”. Essa declaração destaca as responsabilidades decorrentes da ocupação e enfatiza a expectativa de que Israel deve obedecer às leis e convenções internacionais.

As diferentes narrativas e os aparentes padrões duplos ao retratar o conflito levantam questões críticas sobre o papel das nações poderosas na formação das percepções globais. 

Enquanto o conflito continua, o Direito Internacional e o Direito de Resistir à Ocupação

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