O nascimento de uma “Nova Ordem Mundial” a partir do campo de batalha Ucraniano

Elijah J. Magnier

Trad. Alan Dantas

Há muita especulação sobre o nascimento de uma “nova ordem mundial” a partir do útero da batalha na Ucrânia entre a América e a Rússia. O Oriente Médio, Ásia e África aguardam os resultados desta batalha, suas implicações e qual será o resultado para formar novas alianças, uma vez que a poeira tenha assentado. Um novo mundo nascerá inevitavelmente após longos trabalhos e pontuado por guerras diretas, ocupações de países, guerras por procuração e sanções unilaterais ilegais que têm esgotado a população mundial. Como será a “Nova Ordem Mundial”, e será melhor ou pior do que a atual?

Se e quando a “nova ordem mundial” surgir, espera-se que desafie a ordem atual que os EUA lideraram e assumiram o controle desde 1990, quando o presidente soviético Mikhail Gorbachev anunciou a Perestroika(“reconstrução” em russo). A ordem mundial americana e a hegemonia unilateral foram dominantes até setembro de 2015, quando o Presidente Vladimir Putin decidiu travar a batalha pelo retorno da Rússia à arena internacional através da guerra síria e da presença de tropas russas no campo de batalha. A Síria não era um campo de batalha comum, mas um território onde os EUA decidiram criar um estado falido que impediria o acesso da Rússia ao Mediterrâneo através de sua base naval no porto sírio de Tartous. 

Estaria longe de ser uma coincidência que os EUA se movessem para consolidar sua posição no Oriente Médio antes do retorno da Rússia e criassem uma coalizão com dezenas de estados ocidentais para ocupar o Afeganistão, o Iraque e, por último, retirar o Presidente Bashar al-Assad do poder. Os objetivos dos EUA impuseram que as tropas de Moscou e Washington estivessem presentes perigosamente em uma área geográfica minúscula com objetivos contraditórios. A vantagem russa em oferecer apoio adequado a Assad e recuperar a maior parte do “território útil” sírio perturbou os planos estratégicos anti-russos dos EUA. Os Estados europeus estavam e ainda estão envolvidos como uma força secundária nas guerras de domínio e ocupação do Afeganistão, Iraque e Síria pelos EUA, com pouco retorno para o continente.

A Europa testemunhou grandes civilizações antigas, as eras grega, helenística e romana. Os portugueses, espanhóis, ingleses, austro-húngaros e franceses criaram seus impérios, conquistaram partes consideráveis do mundo, e apreenderam riquezas significativas. O continente europeu lutou centenas de guerras através dos tempos até a Primeira Guerra Mundial, conhecida como a Grande Guerra de 1914. Inglaterra, Rússia, Itália, Romênia, Canadá, Japão e os EUA (que entraram em 1917, 6 meses antes de seu fim) lutaram contra a Alemanha, o Império Austro-Húngaro, a Bulgária e o Império Otomano. Alguns estados europeus e a Rússia se encontraram em uma trincheira (com os EUA) contra a outra aliança inimiga. As baixas significativas da Grã-Bretanha perderam 994 mil pessoas mas ficaram atrás da Rússia, que perdeu 3 milhões e 300 mil pessoas. O sangue russo e europeu se misturou ao solo do continente, na luta pela liberdade.

Na Segunda Guerra Mundial, a Rússia também teve a maior parte das mortes (24 milhões de militares e civis) e lutou ao lado da Europa, especialmente a Grã-Bretanha, contra a Alemanha nazista. Os EUA entraram na guerra através do portão econômico. De fato, o Presidente Franklin Roosevelt obteve do Congresso um poder excepcional da Lei “Lend-Lease” em vez de vender suprimentos de guerra pelo preço que considerou apropriado para apoiar o esforço de guerra. Cinco anos após o fim da guerra, a Europa reembolsou as somas até o último centavo. Terminou os pagamentos anteriormente contratados entre 2006 e 2015. 

Os Estados Unidos esperavam há décadas por uma oportunidade adequada de voltar ao continente europeu para se estabelecer. A Europa representava cerca de um terço da população mundial naquela época. A Segunda Guerra Mundial estimulou a economia vacilante dos EUA – que sofreu com a Grande Depressão causada pela queda da bolsa de valores em 1929 – criando 17 milhões de empregos, o que ajudou a economia americana a crescer de US$ 88,6 bilhões em 1939 para 135 bilhões em 1944. A guerra foi um crescimento geopolítico e comercial lucrativo para a economia americana, uma doutrina e prática que os EUA adotaram por muitas décadas após a Segunda Guerra Mundial. Entretanto, os resultados da guerra na União Soviética foram diferentes dos dos Estados Unidos. A Rússia perdeu mais de 10% de sua população, 70% de suas instalações industriais e 50% de seus edifícios e bens imobiliários.

Os EUA se viram cooperando com a União Soviética – pela qual Washington não tinha nenhum afeto – para derrotar Adolf Hitler e seus planos expansionistas. Os americanos compartilhavam com a Europa muitos valores, mas Washington estava interessado no teatro europeu para enfrentar a expansão da União Soviética. Era necessário criar uma fenda entre os Estados europeus e a União Soviética.

Para este fim, os Estados Unidos criaram o Plano Marshall, anunciado em 1947, para formar uma frente americano-européia e uma cooperação sob o título de reconstrução e operação da economia e das fábricas européias. O Plano Marshall também garantiu um pacto de segurança mútuo e comum, dotando a Europa de armas americanas, impedindo a influência soviética na Europa e alcançando os objetivos nacionais americanos.

Com o início da Guerra Fria após a Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos experimentaram um tremendo crescimento econômico. A guerra trouxe de volta a prosperidade e, no período pós-guerra, os Estados Unidos consolidaram sua posição como o país mais rico do mundo.

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