O retorno da “Guerra dos Petroleiros” com recados que afetam a questão nuclear

Elijah J. Magnier:

Trad. Alan Dantas

Depois de dois anos de uma frágil calmaria, a “Guerra dos Petroleiros” reapareceu na arena internacional. O Irã enfrentou os EUA através de seu aliado europeu, a Grécia, que foi impelida contra Teerã. Entretanto, o confronto desta vez é diferente pois a mensagem iraniana não se limita à apreensão de um ou dois petroleiros, mas é também uma resposta à questão nuclear, elevando o nível de tensão a um ponto mais alto no qual as coisas podem escalar mais do que aparentam se os EUA se exacerbarem.

Em 19 de abril, a Grécia apreendeu o navio-tanque russo “Pegas” na ilha de Eubeia, mudou seu nome para “Aframax Lana”, coincidindo com o anúncio iraniano de que o navio pertence à “República Islâmica do Irã”, apesar de permanecer sob a bandeira russa. De acordo com o que as autoridades gregas anunciaram, o navio-tanque, carregando 115.000 toneladas de petróleo iraniano, foi apreendido a pedido dos EUA. Seu petróleo foi transferido para outro navio com a bandeira da Libéria para ser entregue aos portos norte-americanos no ato não muito diferente de uma pirataria internacional. 

O Irã considerou este ato uma violação do direito internacional. Na verdade, nenhuma autoridade judicial tem o direito de confiscar a carga de um petroleiro e entregá-la a outro país sob qualquer pretexto ou pressão política, mesmo de uma superpotência como os EUA. Estes atos indicam mais uma vez a tendência das nações poderosas de não mais respeitar as leis internacionais.

A resposta iraniana não tardou: os Guardas Revolucionários Iranianos apreenderam dois petroleiros gregos, “Delta Poseidon” (com uma tripulação de 25 homens) e “Prudent Warrior” (com uma tripulação de 24 gregos e filipinos), que foram carregados com petróleo iraquiano de Basra. Isto elevou os preços do petróleo para US$ 119, aumentando a carga econômica global e perturbando os já turbulentos mercados devido às sanções ocidentais contra a Rússia e à sede por gás e petróleo após a guerra na Ucrânia.

Os dois petroleiros gregos foram abordados por helicópteros iranianos, embarcados com forças da Guarda Revolucionária Iraniana (IRGC), e forçados a ancorar a 11 milhas da costa iraniana. A seleção dos dois petroleiros estava longe de ser uma coincidência: a carga de petróleo deveria ser entregue aos EUA. O Irã aceitou o desafio de Washington e não mostrou nenhum receio de se voltar contra a Grécia e (principalmente) contra os EUA. Indica ainda que o Irã considera as nações europeias como submetidas ao ditame dos EUA: a verdadeira batalha é contra Washington, não com qualquer outro país europeu.

Isso suscita dúvidas: O mundo está familiarizado com o poderoso método do Irã quando, em julho de 2019, o petroleiro de bandeira britânica “Stena Impero” foi parado depois que a Grã-Bretanha interceptou um petroleiro iraniano ao largo da costa de Gibraltar. Portanto, a questão é: o que está por trás da pirataria mútua de petroleiros?

As negociações relacionadas com a questão nuclear terminaram em Viena. Não há mais o que discutir, exceto a decisão política dos EUA de retirar o nome e as instituições do IRGC da lista do terrorismo. É isto que os EUA resistem a aplicar (não rapidamente), pois alguns de seus funcionários vazaram para a mídia que o Irã não pode impor condições que não estejam relacionadas à discussão nuclear. Os EUA consideram que o IRGC não deve ser retirado da lista de terrorismo devido a sua crescente capacidade e apoio aos aliados do Irã, o que é incompatível com os interesses dos EUA e de Israel. Os EUA fingem ignorar que o IRGC representa o Estado e que a maioria de suas instituições civis e militares é dirigida por sua liderança.

Este vazamento americano foi seguido por uma declaração do Secretário de Estado americano Anthony Blinken, que confirmou que seu país seria duro com qualquer “contrabando ilegal” de petróleo iraniano. Além 

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