China se envolve com sucesso na complexa diplomacia do Oriente Médio com Irã e Arábia Saudita

Elijah J. Magnier

Trad. Alan Dantas

Longe de ser um caso de amor ou uma lua-de-mel entre dois rivais que vêm travando guerras e batalhas por procuração há décadas, a aproximação entre o Irã e a Arábia Saudita pode ser definida como uma verdadeira conquista para ambos os países, mas, acima de tudo, para a diplomacia chinesa. É a primeira vez que a superpotência econômica asiática está diretamente envolvida na reconciliação mais complicada do Oriente Médio, onde Pequim se limitou a expandir sua influência econômica e não política. A política de reconciliação iraniana se alinha com os objetivos do presidente Raisi desde o primeiro dia de sua presidência de restabelecer as relações com os países vizinhos e distanciar os EUA e Israel da Ásia Ocidental.

A retomada das relações diplomáticas entre o Irã e a Arábia Saudita não é uma surpresa. Durante a segunda das cinco reuniões em Bagdá, no Iraque, em 2021, os dois lados discutiram e concordaram em muitas questões, incluindo a reativação da cooperação econômica de 1998, o acordo de segurança de 2001 e a reabertura de suas respectivas embaixadas e consulados. Entretanto, o Irã e a Arábia Saudita se comprometeram a reduzir suas atividades antagônicas e trabalhar diretamente com os grupos ou países locais envolvidos nos conflitos irano-saudistas para resolver e acabar com as hostilidades no terreno. Os países envolvidos são principalmente o Iêmen, Bahrein, Síria, Iraque e Líbano, e para manter Israel fora de qualquer cooperação de segurança com o Conselho de Cooperação do Golfo. Ambos os países concordaram em abster-se de hostilidades via mídia um com o outro e interromper as atividades de representação em suas respectivas fronteiras que possam prejudicar sua segurança nacional.

O Irã quer eliminar (ou limitar) o financiamento estrangeiro dos motins e das operações de sabotagem em seu solo. As autoridades iranianas acusaram tacitamente a Arábia Saudita de financiar a recente agitação e seus serviços de segurança apreenderam milhões de dólares em dinheiro e caminhões de armas que deveriam ser entregues à oposição e a grupos terroristas que operam no Irã.

A Arábia Saudita está comprometida com sua “visão 2030” que reduz sua dependência do petróleo, diversifica sua economia e desenvolve serviços públicos, infraestrutura e turismo. Qualquer ataque à infraestrutura petrolífera saudita prejudicaria a segurança do país e minaria sua futura visão doméstica e internacional para consolidar o governo do príncipe coroado Mohamad Bin Salman. A China está se oferecendo como garantidora após a Arábia Saudita e o Irã afirmarem seu compromisso e respeito para cumprir o acordo e a resolução pacífica de suas diferenças. Além disso, a Arábia Saudita observou como o Irã desafiou os EUA, manteve sua posição contra todas as duras sanções, bombardeou a maior base militar dos EUA, ampliou sua influência em muitos países regionais e está desfrutando de um status especial com a China. Já era hora de Bin Salman ganhar uma guerra com o Irã sem lutar. Foi quando a China estendeu suas mãos aos dois países.

Pela primeira vez, a China emergiu como um jogador poderoso e bem-sucedido no Oriente Médio, semelhante ao retorno da Rússia à arena do Oriente Médio através do portão sírio em 2015. Com aliados eficazes sentados sobre valiosos recursos naturais, sua estabilidade é vital para a China e para o resto da Ásia. A conclusão de um acordo de segurança e estabilidade e a restauração das relações Sauditas-Iranianas, é a conquista mais significativa da China após seis dias de árduas negociações.

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