As opções de Putin não estão exauridas: EUA defendem seu trono ao impelir a Ucrânia à guerra

Elijah J. Magnier

Trad. Alan Dantas
O Islã já não é mais inimigo da globalização pois Rússia e China substituíram o Oriente Médio como arena e alvo dos EUA, com a intenção de estabelecer sua hegemonia mundial. Moscou e Pequim oferecem um modelo mundial com pluralismo internacional que põe fim à hegemonia unilateral dos EUA, proporcionando desenvolvimento comercial e de negócios sem subordinação explícita. Esta é uma das razões mais fundamentais que levam os EUA a arrastar a Rússia para uma guerra na Ucrânia, para retardar a ascensão da economia russa (e sua aliança de opositores da hegemonia norte-americana) e fragilizar esta frente.

Assim, a questão é: o presidente Vladimir Putin cairá na armadilha ou jogará xadrez, algo no qual a Rússia é hábil, transformando a tensão atual na frente ucraniana em sua vantagem, atacando os interesses dos EUA em seu quintal ou dos aliados de Washington em outras partes do mundo? É muito provável que a falta de apetite dos Estados europeus para o confronto armado, principalmente da Alemanha, forçará os EUA a desescalar, especialmente porque o presidente russo parece não estar disposto a fazer concessões.

Putin recebeu a resposta dos EUA sobre sua intenção de incluir a Ucrânia na Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) para levar o nível de tensão a um patamar perigoso de escalada na frente europeia. Moscou não pode ignorar uma ameaça nacional contra si, e trazer a Ucrânia para a OTAN é um ato beligerante. Os protagonistas ocidentais estavam conscientes de suas potenciais consequências para o continente europeu e para a segurança mundial que os EUA estão colocando intencionalmente em risco. É por isso que é muito improvável que o Ocidente desafie a Rússia e definitivamente recuará em sua escalada.

Não é mais um problema para os EUA admitir a perda do unilateralismo no mundo e reconhecer a multipolaridade que foi estabelecida por nações poderosas. A transformação do mundo se tornou uma realidade inescapável apesar da resistência violenta de Washington a este fato e da recusa em aceitá-lo. A administração dos EUA tem mostrado sua posição descuidada em relação às nações soberanas, mantendo suas forças no Iraque e na Síria contra a vontade dos povos e governos, interferindo nos Bálcãs e impondo severas sanções à Venezuela, Cuba e Irã. Os EUA estavam empurrando os estados europeus maleáveis para uma guerra com seus parceiros russos na economia e no comércio de energia, e Biden provavelmente conseguiu adicionar milhares de homens às 70 mil forças dos EUA já estacionadas na Europa.

O Ministro das Relações Exteriores russo Sergey Lavrov diz que “a política do Ocidente é minar a estrutura das relações internacionais baseada na Carta das Nações Unidas, para substituí-la por sua lei, baseada nas regras auto-impostas pelos EUA para estabelecer uma nova ordem mundial”. Rússia, China e Irã carregam a bandeira da luta contra a hegemonia dos EUA sem necessariamente implicar em sua relutância em excluir o comércio e o intercâmbio econômico. Entretanto, eles estão cientes de que os EUA defenderão ferozmente sua posição. E Washington deve esperar que seus oponentes não fiquem ociosos. Os EUA tiveram amplas oportunidades de construir seu império pacificamente desde a Segunda Guerra Mundial, mas, compreensivelmente, agora tem dificuldade de aceitar a nova realidade mundial.

Subscribe to get access

Read more of this content when you subscribe today.

Advertisements
Advertisements
Advertisements